quarta-feira, 11 de maio de 2011

Exposição de Arquitectura II

A exposição de arquitectura realizada em Cinfães em 1996 possuía o catálogo que referimos no artigo anterior e, conjuntamente um texto intitulado: "O drama da Arquitectura em Portugal" e dizia o seguinte:

O Drama da Arquitectura em Portugal

Serve tão pouco esta exposição para revelar um “certo querer fazer”, mas sim, essencialmente, mostrar o que será, porventura, o processo de nascimento e criação de uma obra de arquitectura.

Ao arrepio de uma situação insustentável da arquitectura, perante o actual sistema, a tarefa do arquitecto surge a maior parte das vezes hercúlea. Num país onde 90% dos projectos não são assinados por arquitectos, onde a construção é caótica e o planeamento urbanístico praticamente inexistente, onde os “projectos” dos “habilidosos” surgem com a capa de técnicos pouco escrupulosos e não passam de fotocópias adaptadas, vendidos a preços irrisórios, é verdadeiramente um acontecimento o caso em que o arquitecto consegue chegar ao cliente.

Na província a situação é ainda mais grave e a proporção dos projectos assinados por arquitectos chega a ser anedótica. Os esquemas de “produção em série” das obras encontram-se montados e os dados estão viciados à partida, sob a capa de um “pseudo-desenvolvimento” que apenas serve os interesses dos construtores, especuladores imobiliários e esses mesmos “projectistas”, que se fundem numa mesma mole indissociável.

Daqui nada de bom pode surgir e os resultados estão à vista, a qualidade geral das obras construídas é francamente medíocre, os espaços verdes diminuem assustadoramente, o trânsito revela-se cada vez mais caótico, a poluição ameaça tudo e todos, o património é destruído e atinge estados de degradação incríveis, não havendo respeito algum pela salvaguarda dos exemplos ainda existentes de arquitectura popular, em suma, a qualidade de vida diminui a olhos vistos.

Espero haver nesta mostra uma verdadeira componente didáctica e formativa, algo que contribua para um melhor entendimento do que deverá ser a arte da construção, sobretudo para os mais novos, a quem a geração actual parece, por vezes, apenas estar interessada em legar um mundo cada vez mais “pobre”.

Por esta possibilidade de poder dizer, pelo apoio prestado, pelo empenho demonstrado e incentivo, o meu agradecimento ao Pelouro da Cultura, à Câmara Municipal de Cinfães e a todos os que tornaram possível este evento.

Manuel da Cerveira Pinto

Cinfães, 14 de Outubro de 1996

domingo, 8 de maio de 2011

Exposição de Arquitectura


Capa do catálogo da exposição de arquitectura realizada em 1996, na Câmara Municipal de Cinfães. O desenho gráfico foi realizado por Nuno Dias. A exposição foi organizada com a colaboração do designer Miguel Bandeira Duarte e a montagem teve a colaboração de Octávio Vieira. A edição do catálogo foi suportada pelo Jornal Miradouro

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Casa J . Fernando Cardoso VII . Boassas . 1997


Última imagem da maquete da casa J. F. Cardoso em Boassas. Consciente de haver feito o trabalho que me competia (e ainda mais...) a consciência permanece tranquila. Seguramente que alguém perde mais do que eu por as coisas tomarem este rumo... Não duvido que sejam motivos como este que explicam o facto de o país se encontrar como se encontra neste momento. Fica o projecto.

terça-feira, 3 de maio de 2011

"Arquitectura Sustractiva"


Acaba de ser publicado o livro "Arquitectura Sustractiva", editado por Rubén Garcia Rubio e Miguel martínez Monedero, que representa o culminar do curso que se realizou na Universidade Internacional Menendéz Pelayo, em Santander, no verão de 2008 e no qual participei. A obra foi seleccionada em 2009 para os prémio anuais do Colégio Oficial de Arquitectos de León.
Na contracapa, pode ler-se:
"Los 12 artículos que se recogen en esta publicación son firmados por arquitectos que compaginan su labor profesional con la docencia. En conjunto conforman una amalgama de interpretaciones que nos adentra de manera incisiva y contundente en la "Arquitectura Sustractiva". Juan carlos Arnuncio, Antón Garcia-Abril, Elisa Valero, Mario Algarín, Manuel Cerveira, Miguel Martínez, Fernando Menis, Rubén Garcia, Luís Martínez, Felipe Pich-Aguilera y Teresa Batlle, Luciano Garcia y Patrícia Muñiz, y David Villanueva, en conjunto, aportan una contundente visión crítica en la que se abordan desde sus valores físicos y materiales, hasta un entendimiento mas allá de sus cualidades sensibles, metafísico, que nos remite al proprio proceso de la creación arquitectónica."