domingo, 17 de agosto de 2008

Parque de lazer de Pias IV . 1993

A saga do Parque de Lazer de Pias iria continuar... Efectuei todos os esforços (demasiados, sei-o hoje...) para que a obra pudesse retomar ainda o bom caminho. Infrutíferamente. As várias cartas enviadas para a câmara nem sequer obtinham resposta. Entretanto a obra prosseguia e, tal como eu previra, o construtor pediu a revisão do orçamento em quase 50%!!!!... Era preferível dar quase 10.000 contos (ainda era em escudos) ao empreiteiro a mandar fazer as medições e orçamentos necessários por uma viségisama parte desse valor - se tanto. O povo paga!...
Entretanto, como se tudo isto não bastasse, é-me enviada uma carta (em nome do presidente da câmara) em que se solicita "a suspensão provisória das visitas de acompanhamento da mesma (obra), até completo esclarecimento da situação" (sic), o que revela ignorância e um total desconhecimento dos procedimentos em obra já que, tal como é consagrado na lei, ninguém pode impedir o autor de visitar a sua própria obra.

Parque de lazer Pias III . 1993



Todo o processo do Parque de Lazer de Pias se revelou, de facto, deveras caricato... Alguns tempos mais tarde (creio que uns dois anos) a Câmara acabaria por lançar o concurso para continuar a obra...por empreitada. Escusado será dizer que, embora autor do projecto, nada me foi comunicado entretanto. Acabei por saber por outras vias e, de imediato, alertei (por escrito) para o facto de o projecto não estar suficientemente completo para ser posto a concurso, o que poderia resultar em avultados prejuízos para a edilidade (como de facto veio a suceder). Recebi uma resposta, lacónica, onde dizia que à data (1 de Abril de 1999) já se havia procedido à abertura do concurso. O fax que enviei para a câmara tinha a data de... 18 de Março.
Continuei a visitar as obras, tal como era meu direito e dever. Começaram logo mal e a desrespeitar o projecto aprovado. O Livro de Obra entretanto desapareceu... Sintomático do que estava para vir. Reclamei junto do construtor e por escrito (com registo e aviso de recepção) para a câmara. Entretanto, sem qualquer aviso, a câmara, desrespeitando o que estava definido em acta, deixou de me pagar os honorários pelo acompanhamento da obra que já havia sido efectuado... até hoje!!!!!
Será isto o que se entende por "pessoa de bem"????

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Parque de lazer de Pias II . 1993


O projecto do "Parque de lazer de Pias" previa uma intervenção de fundo em ambas as margens do rio. Seriam plantadas 59 árvores de grande porte, haveria, para além do jardim, uma fonte, iluminação, mesas, bancos, conversadeiras junto ao muro sobranceiro ao rio e lugares de estacionamento... Para além disso e porque entendia que toda a zona deveria ser alvo de um cuidado especial e de uma requalificação, fiz ainda (gratuitamente) um estudo alargado sobre toda a zona da Foz do Bestança, desde o Poço das Aveleiras até Porto Antigo, ao qual chamei "Plano de Salvaguarda da Foz do Bestança", o qual seria rapidamente boicotado, não chegando sequer a ser discutido em assembleia... (o que entretanto tem sido feito na zona prova, de forma eloquente, a necessidade do dito plano e o porquê do seu boicote).
A obra iniciou-se, por administração directa, tendo eu começado a visitar a mesma cerca de duas vezes por mês. Os percalços do decorrer dos trabalhos iam sendo anotados no respectivo "Livro de Obra" (o qual foi exigência minha). Insisti que o projecto deveria ser candidatado a fundos comunitários, contra o cepticismo do executivo e, sobretudo, dos serviços técnicos. Acabaria por ser dotada com uma verba de 75% do total, a fundo perdido!!!... Entretanto houve eleições e o executivo mudou. A obra foi suspensa e os pedreiros "despedidos"...

domingo, 10 de agosto de 2008

Conferência em Santander


"Num tempo em que a arquitectura necessita de uma profunda reflexão sobre si própria, sobretudo pela consciência de que o modelo mecanicista preconizado pelos fundamentos modernistas do início do século passado se encontra completamente desajustado e ultrapassado e de que as novas formas de construir não poderão comprometer a própria vivência humana, ou o próprio ambiente, urge questionar em que sentido poderá a arquitectura evoluir para responder às questões pertinentes da sociedade e do mundo actual."

Assim começa o texto da conferência proferida no passado dia 6 de Agosto em Santander, na Universidade Menendéz Pelayo, em Santander, no âmbito do curso "Arquitectura Sustractiva", organizado pelos arquitectos Miguel Martínez Monedero e Rubén Garcia Rubio.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Parque de lazer de Pias I . 1993



O projecto que se seguiu, também para a Câmara Municipal de Cinfães, foi um convite directo do presidente (que era na altura o meu pai) para a recuperação da zona degradada (como a primeira foto documenta) junto à ponte de Pias, sobre o rio Bestança. O convite era para um projecto oferecido - entenda-se!... E foi o que fiz, sobretudo porque gosto imenso do local e do rio. Apresentei uma proposta de estudo prévio, que foi aprovado pelo executivo. Fiz então o projecto, que haveria de ser aprovado pela Secretaria de Estado do Ambiente, já que o local se encontrava definido em Plano Director Municipal como sendo Reserva Ecológica Nacional. O local foi assim desafectado da REN e as obras podiam então prosseguir. Contra a minha opinião, o executivo decidiu que as mesmas deveriam ser executadas por administração directa. Ficou também decidido que seria eu a fazer o acompanhamento da obra, pelo que solicitei à Câmara o pagamento das deslocações (o meu atelier era, então como agora, no Porto). O pedido foi aprovado por maioria, em acta de reunião de Câmara de 23-12-1996, com os votos contra dos vereadores do PS e com a abstenção de um do próprio executivo, tendo o presidente que usar o "voto de qualidade"... Elucidativo!...
Era o início da "saga".